ENTRE EXISTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS DA AGRICULTURA URBANA: PARTILHA E DIREITO À CIDADE
Resumo
Objetivo: Objetivou-se discutir a partilha e as cidades a partir das subjetividades de seus atores e das associações construídas na vida social, a fim de analisar a partilha como práxis e sua atuação no cenário urbano, tendo a agricultura urbana/hortas urbanas como locus de investigação.
Teorias: Economia do Compartilhamento, Direito à Cidade.
Método: O estudo se inscreve no âmbito da pesquisa qualitativa, a partir das experiências e vivências de agricultura urbana pesquisadas e entrevistas realizadas.
Resultados: Revelou-se que a economia da partilha não representaria uma forma revolucionária de sociedade ao reforçar – ainda que seja com discurso de cooperação e colaboração – a exploração das pessoas pelos meios de produção, a exclusão de sujeitos e a invisibilidade de iniciativas mais comunitaristas.
Contribuições teóricas/ metodológicas: Como forma de buscar uma administração democrática sobre o processo urbano, o direito à cidade se apresenta, mas desvela desafios para superar o economicismo e proporcionar uma revolução da participação social que gerem emancipação humana A coleta de informações atentou-se em explorar os dados para favorecer a interação com os atores pesquisados, significando uma maneira privilegiada de alcançar as relações e práticas do lócus pesquisado. A observação participante priorizou as vivências, procurando-se favorecer a interação.
Contribuições gerenciais/ sociais: Pela via da agricultura urbana, reforça-se o papel das hortas como instrumento de ação coletiva, expandindo a modificação das estruturas vigentes, enfrentamento do poder econômico, embrião da construção de um direito a cidade ampliado.
Palavras-chave: Economia da Partilha; Hortas Urbanas; Agricultura Urbana; Direito à Cidade.
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