ENTRE EXISTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS DA AGRICULTURA URBANA: PARTILHA E DIREITO À CIDADE

Daniela Viegas Costa-Nascimento, Armindo dos Santos de Sousa Teodósio

Resumo


Objetivo:  Objetivou-se discutir a partilha e as cidades a partir das subjetividades de seus atores e das associações construídas na vida social, a fim de analisar a partilha como práxis e sua atuação no cenário urbano, tendo a agricultura urbana/hortas urbanas como locus de investigação.

Teorias:  Economia do Compartilhamento, Direito à Cidade.

Método:  O estudo se inscreve no âmbito da pesquisa qualitativa, a partir das experiências e vivências de agricultura urbana pesquisadas e entrevistas realizadas.

Resultados:  Revelou-se que a economia da partilha não representaria uma forma revolucionária de sociedade ao reforçar – ainda que seja com discurso de cooperação e colaboração – a exploração das pessoas pelos meios de produção, a exclusão de sujeitos e a invisibilidade de iniciativas mais comunitaristas.

Contribuições teóricas/ metodológicas:  Como forma de buscar uma administração democrática sobre o processo urbano, o direito à cidade se apresenta, mas desvela desafios para superar o economicismo e proporcionar uma revolução da participação social que gerem emancipação humana A coleta de informações atentou-se em explorar os dados para favorecer a interação com os atores pesquisados, significando uma maneira privilegiada de alcançar as relações e práticas do lócus pesquisado. A observação participante priorizou as vivências, procurando-se favorecer a interação.

Contribuições gerenciais/ sociais:  Pela via da agricultura urbana, reforça-se o papel das hortas como instrumento de ação coletiva, expandindo a modificação das estruturas vigentes, enfrentamento do poder econômico, embrião da construção de um direito a cidade ampliado.

Palavras-chave:  Economia da Partilha; Hortas Urbanas; Agricultura Urbana; Direito à Cidade.


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